Conhecimento aberto, colaborativo e acessível - o futuro do aprendizado online
Há um bom tempo anoto os problemas da educação online e dentre eles estão a falta de engajamento dos alunos, elevada taxa de evasão, baixa qualidade, conteúdo entediante, pouca proximidade com a dinâmica de uma sala de aula física, pouca adoção pelos professores que encontram dificuldades no uso das ferramentas disponíveis, […], é uma lista bem GRANDE.
O quê está faltando?
Bastante coisa! Mas tenho TOTAL CONVICÇÃO que podemos mudar isso bem rápido, JUNTOS. Como imagino o futuro do ensino online?
Aberto para quem ama ensinar:
Se eu quiser participar de um curso criado pelo MIT, Stanford, […], entro em um MOOC na plataforma EDX, Coursera, […]. São as opções perfeitas para quem quer enriquecer o conhecimento em sua área. Eles atingem quantidades expressivamente grandes de alunos matriculados:
Essas plataformas ficaram restritas aos instrutores de grandes instituições e sabemos que existe um universo muito maior de instrutores que querem ajudar a produzir conteúdo de qualidade usando-as. Já observou quanta gente cria canais no YouTube para mostrar suas habilidades em um determinado tópico pelo simples fato de amar o que faz e querer passar um pouco do seu conhecimentos aos outros? É hora de DAR ESPAÇO PARA QUEM AMA ENSINAR.
Engajador:
As pessoas não se contentam com o conhecimento, elas também querem RECONHECIMENTO. Isso é possível recompensando os estudantes com prêmios e permitindo que se sociabilizem com outros estudantes que se interessam pelo mesmo assunto. Um contribui com o outro, assim como em uma sala de aula física.
Elementos que motivam os estudantes a manterem certa frequência em MOOCs são os grupos de estudo e deadlines bem definidos. Claro que de parte do aluno, também é necessário um pouco de disciplina, como uma boa organização dos seus horários de estudo, por exemplo. Podemos ajudá-los com ferramentas para mantê-los atentos e engajados.
Exercitar o que aprendeu também mantém o aluno focado nas aulas, por isso é muito importante que desafios sejam lançados ao aluno a cada novo conteúdo visto. Os desafios devem vir nos mais diversos formatos, dependendo do assunto que está sendo abordado no curso, abolindo os famigerados exercícos de múltipla escolha, que servem mais como uma loteria do que como um exercício do que o aluno realmente aprendeu.
Como serão muitos alunos participando de um mesmo curso, as atividades podem ser corrigidas pelos próprios colegas, cada um dando feedback ao próximo. A ideia é estimular a participação de todos e acabar o caráter centralizado no professor, que as salas de aula tradicionais têm.
Socializável:
A sociabilização entre os alunos não deve parar em uma seção de comentários. Os alunos devem ter disponível uma maneira de conversar em tempo real com os instrutores e colegas de classe - eles querem fazer parte do processo de aprendizagem dos colegas e na melhoria do conteúdo do curso. Todos podem participar para criar um ambiente agradável de aprendizado e colaboração. Por que o WhatsApp, o Facebook Messenger e o Snapchat fazem tanto sucesso mesmo?
Quem usa as redes sociais já conhece muito bem a exibição do feed de novidades de forma linear (timeline), mostrando o que seus amigos e páginas que você gosta publicaram. É dessa forma que deve ser tratado o conteúdo dos cursos e das atividades dos colegas (em formato de feed) e não mais do modo convencional (separado por curso e sequencial). Isso evita que o conteúdo se torne monótono - o estudante deve receber pedaços pequenos de conteúdo diluídos em seu feed, ou seja, o conteúdo deve ser aplicado e estudado em doses homeopáticas. Nada de videos com mais de 10 minutos e textos longos.
Colaborativo:
Se meu colega não está por perto, como vamos escrever um documento ou criar uma apresentação de slides? Podemos usar as ferramentas do Google Drive ou Dropbox para isso. Esse é o grande trunfo da Internet.
Nesse mesmo viés, também tem a parte de criação de conteúdo pelos instrutores. Esse é um dos maiores impedimentos para eles hoje, pois as plataformas falham em prover ferramentas que facilitem a edição de conteúdo. Aliás, essa nem é a tarefa de um instrutor. Cabe a ele somente criar o conteúdo e modelá-lo de forma que fique compreensível aos estudantes e, portanto, a tarefa de criar os recursos audiovisuais deve ser repassada a quem realmente entende do assunto.
As universidades podem ser um facilitador para esse processo de interação entre os instrutores e os criadores de conteúdo, promovendo espaços de criatividade (instalações físicas) para que juntos, possam elaborar conteúdos realmente engajadores.
Financeiramente acessível:
Há uma variedade incrível de aulas gratuitas vindas de diferentes fontes. Podemos encontrá-las no EDX, Coursera, Khan Academy, CODE.org, Code Academy, YouTube, SlideShare e outros, inclusive em algumas plataformas pagas, como Udacity e Udemy. Isso é maravilhoso, e tenho certeza que é possível produzir CONTEÚDO FINANCEIRAMENTE ACESSÍVEL PARA TODOS. Basta encontrar pessoas motivadas a criar um futuro sem barreiras para quem quer aprender.
Para fora das 4 paredes:
É verdade que muitas universidades já estão usando um LMS para distribuir conteúdo ao seus alunos, mas infelizmente o uso massivo desse tipo de tecnologia faz com que o conhecimento produzido dentro de cada classe fique confinado entre quatro paredes. Primeiro que o conteúdo fica restrito somente para quem faz o curso e segundo que todo o conteúdo produzido pelos alunos e instrutor durante o tempo de vida de um determinado curso é fechado ao seu fim.
Esse conteúdo com toda a certeza tem muito valor e esse valor não pode ser perdido no fim de um semestre. O conhecimento gerado deve ser compartilhado em vez de ser tratado como meros “trabalhinhos de alunos” e jogados fora. Com certeza, muito conhecimento de valor será perpetuado com o simples ato de abrir o conteúdo produzido pelos alunos e intrutores a todos. Chega de confinar as produções intelectuais em HDs que jamais serão abertos, na nuvem do Moodle ou dentro de gavetas.
O simples fato do aluno ver que seu trabalho foi útil para mais pessoas, já é um fator motivador para ele continuar produzindo mais conteúdos e cada vez melhores.
Para fora das universidades:
Como um usuário de ônibus vejo a quantidade de pessoas usando uma hora inteira de viagem para desperdiçar com joguinhos, conversas sem rumo nas redes sociais ou vendo a vida alheia. Bem possivelmente, essas pessoas não tem acesso a conteúdos interessantes, que possam engajá-las a voltar a estudar, um tanto por quê custa caro, outro pelo conteúdo não vir em um formato adequado para telas pequenas, não poder ser acessado offline e por simplesmente não existir algo relevante para o seu gosto.
Os MOOCs devem sair das universidades e partir para uma esfera mais geral, onde seja possível ensinar desde a criação de artesanato, dicas de cozinha, passando pelas matérias do ensino fundamental e médio, preparação para vestibulares e concursos, até cursos completos de pós-gradução à distância. Existem instrutores capacitados para cada um desses níveis que têm vontade de contribuir disseminando seu conhecimento.
Tenho convicção de que, se essas pessoas que passam mais de uma hora no ônibus se identificarem com algum conteúdo de sua preferência, não irão mais largar o aprendizado online. Acredito em um futuro muito melhor para quem abre as portas para o conhecimento.
Para fora da Internet:
Conseguir estudar sem estar conectado à Internet é a súplica de quem estuda em locais que não tem Internet, como em áreas rurais, dentro do ônibus e no carro. Os estudantes devem ser capazes de baixar o conteúdo para ver offline em qualquer dispositivo na hora que quiserem. Esse é o grande trunfo da criação de materiais abertos e gratuitos (protegidos por direitos autorais), pois dessa forma não existe o receio de que alguém pirateie o conteúdo, como acontece com as plataformas pagas.
Para locais remotos:
Existem muitas pessoas sem nenhum acesso à Internet, principalmente em países subdesenvolvidos. Alguns projetos já foram criados para levar conhecimento à áreas remotas usando transmissão peer to peer através de computadores Raspbery Pi. Chegou a hora de expandir o conteúdo para as áreas mais improváveis de se chegar no mundo.
Para fora da plataforma:
Não, uma boa plataforma não faz tudo e somente um sistema integrado pode contribuir com um bom ambiente de aprendizagem. Já temos uma excelente plataforma para aprender matemática no Wolfram Alpha e idiomas no Duolingo. São muitas plataformas que podem se integrar a um sistema de aprendizado colaborativo.
Além do mais, tarefas que não cabem ao sistema, também podem ser terceirizadas para os especialistas: deixar o armazenamento de vídeos para o YouTube, a colaboração na criação de documentos com o Google Drive, o compartilhamento de slides com o SlideShare, o sistema de versionamento com o GitHub, o gerenciamento do projeto com o Trello, […].
##Vamos começar?
Diante da visão dada nos últimos tópicos, a partir daqui, começa a ideia para o futuro da distribuição de conhecimento online:
Uma rede social para aprender o que quiser, onde quiser, usando conteúdo aberto criado por instrutores das mais diversas áreas do conhecimento. Suportada por uma comunidade ávida para criar o futuro do aprendizado no mundo.